
22/04/2007 - 11h30
DIÓGENES MUNIZ
DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online
Quando a pianista, vocalista e líder da banda norte-americana Evanescence, Amy Lee, 25, entrou no palco do Parque Antártica, por volta das 21h do sábado (21), uma garoa fina e incômoda caía sobre zona oeste de São Paulo.
Após a primeira música, "Sweet Sacrifice", a chuva cessou. Até a última canção, "Your Star", 1 hora e 20 minutos depois, nada ficou entre o olhar vidrado de fãs, adolescentes em sua maioria, e os trejeitos de Amy --rodar a saia de tule bufante, jogar o punho fechado para o alto e balançar o cabelo para baixo e para trás.
Na terceira música e primeiro hit da noite, "Going Under", o público já estava seco --de tanto pular e gritar. Ao vivo, a voz de Amy Lee impressiona, sem deixar nada a desejar para desempenho nos estúdios.
John LeCompt (guitarra), Terry Balsamo (guitarra), Tim McCord (baixo) e Rocky Gray (bateria) --também conhecidos como o resto da banda-- só ganharam mais atenção que Amy após a apresentação, quando retornaram ao palco para arremessar palhetas e baquetas ao público. Amy, com alguns quilos a mais do que no início do sucesso, não voltou. Precisava?
Para os fãs da neogótica, sim. "O show foi curto demais", disse Célia Oliveira, 18, camiseta preta. Caroline Petrasso, 20, saia de tule rosa, concordou. "E também faltou 'Missing', que é linda". Em compensação, "Bring me to Life" e "My Immortal" foram tocadas, para êxtase geral. Outra reclamação do público foi o som. Baixo para quem estava na pista, baixíssimo para quem estava na arquibancada.
"Não acredito que têm tantos de vocês aqui", disse Amy. Na verdade, havia 10 mil a menos do que o esperado ali. Dos 35 mil ingressos à venda, 25 mil vingaram. Quem chegou em cima da hora conseguiu ver tudo a poucos metros dos que acamparam durante uma semana fora do estádio.
Menos da metade da pista foi ocupada. Nas arquibancadas, também não houve lotação. O ingresso para a pista (R$ 140) saiu por até $ 60 na mão de cambistas.
"Tive que escolher entre este e o do Aerosmith, sendo que os dois eram caros", explicou o estudante universitário João Maria, 22, que viajou de Caraguatatuba a São Paulo, após escolher o Evanescence.
Surpresas, só dos fãs
Se a banda seguiu à risca o programado (confira set list), os fãs revelaram surpresas. Em uma comunidade dedicada Evanescence no Orkut ("Evanescence Brazil", com "z" mesmo), adolescentes planejaram alguns "happenings".
Um deles era soltar bexigas brancas durante a música "Lithium", quando Amy vai ao piano. A outra surpresa era cantar "Missing" entre "Lacrymosa" e "My Immortal", forçando assim a banda a ir no embalo.
A primeira movimentação foi escassa, mas existiu. Alguns levaram camisinhas cheias de ar em vez de bexigas. Quanto ao plano de fazer 25 mil pessoas cantarem juntas uma mesma música, sem acompanhamento instrumental, nada feito.
Na platéia, a camiseta preta, traje obrigatório de metaleiros, ganhou o revestimento plástico das capas de chuva (R$ 6), sobretudo nos shows de abertura. Dois grupos prepararam a entrada do Evanescence: os brasileiros do Luxúria e os uruguaios do Silicon Fly.
Os colegas latino-americanos já tinham sido vaiados nos shows anteriores no Brasil, em Curitiba e Porto Alegre. Em São Paulo, tentaram se proteger gritando "Evanescence" entre uma música e outra, o que funcionou. No começo.
Após quinze minutos de apresentação, o vocalista Guillermo Savoi arriscou: "Vocês querem uma última?". "Nãããããoo", respondeu o público, aos gritos e com as mãos. Os uruguaios tocaram assim mesmo. Vaias.
Eles ainda terão uma chance de se redimir, amanhã, no Rio, quando o Evanescence fecha a passagem da "EV World Tour" pelo país.
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